terça-feira, 22 de junho de 2010

MEMÓRIAS

A MUDANÇA DE SÁ DA BANDEIRA PARA BEGUELA

..... Terminado o exame do 7º ano liceal (1962)quis o destino levar-me para outras paragens, para uma outra cidade,para onde o meu pai, por força da sua vida profissional, fora colocado.

Recordo que no dia em que partimos para Benguela, estava um dia chuvoso e frio.O tempo associou-se assim à minha dor, e á minha saudade. A viagem de autocarro numa
estrada de terra batida foi bastante demorada e cansativa,mas não esmoreceu o entusiasmo e a expectativa que sentíamos.Confesso qua partida de Sá da Bandeira, foi-me extremamente dolorosa e envolta numa amálgama de sentimentos difíceis de descrever. Para trás ficava a terra onde nascera e crescera, onde tinha despertado para a adolescência, onde começara a ser homem, mas a dor maior era a imensa saudade que ia sentindo dos amigos e do meu querido liceu. Mas à medida que os contrafortes da serra da Chela iam desaparecendo e os quilómetro eram "engolidos" pelo autocaro,foi crescendo um certo entusiasmo, ou melhor uma enorme expectativa por ir enfrentar um novo desafio de vivência, numa cidade que pouco conhecia, com gente que me era totalmente estranha, cujos hábitos e costumes desconhecia em absoluto.
Com apenas dezanove anos, talvez não estivesse totalmente preparado para ter e percepção do que implicaria uma mudança tão radical, mas recordo que na altura pensei que seria interessante,já que seria também uma experiência importante para a aquuisição de novos conhecimentos humanos e históricos. Tinha a consciência que não seria fácil de início, mas que no futuro talves se tornasse interessante, e que nada seria como dantes. Foi nesta mistura de sentimentos que cheguei a Benguela, mal percebendo que desse dia em diante a minha vida iria ter uma revirevolta tão inesperada, como surpreendente.Preparei-me para o novo desafio, embora soubesse que a minha permanência em Benguela não deveria ser prolongada, pois tencionava continuar os meus estudos em Portugal na Academia Militar. Dequalquer forma enquanto lá estivesse teria que necessáriamente estar receptivo a aceitar novos amigos e conhecimentos.
..... continua ......

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