continuação
EM BENGUELA
.... Fomos morar para uma moradia na rua estado da Ìndia, próxima da praia Morena e cinema Monumental.Era para aí que eu e o meu irmão íamos todas as manhãs para desfrutarmos do mar e da praia, coisa que não tinhamos em Sá da Bandeira. As tardes eram passadas em longas caminadas pela cidade com o intuito de a irmos conhecendo.Recordo que uma das primeiras coisas que me surprenedeu nesta cidade foi a enorme quantidade de "Solex" que existiam e quue uma grande maioria das pessoas usavam como transporte. Aos poucos fui descobrindo as belezas naturais daquela terra e do espirito bairrista das suas gentes.
Tal como disse anteriormente a minha vida de repente mudou radicalmente tão inesperada e surpreendente.E porquê? Exactamente porque a partir de uma dada altura
apaixonei-me perdidamente pela minha vizinha da frente a Anabela Westood.Na altura não sabia que estava noiva e casaria em breve. Foi uma história muito complicada repleta de coisas más e boas até que por fim se compuseram O que é facto e certo é que perdi por completo a vontade de continuar a estudar e só me interessava estar perto dela. Acabamos por casar ainda antes de ir cumprir o serviço militar.
O SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO ...
... Fui um dos milhares que para o serviço militar foi empurrado, e digo empurrado porque a isso fui obrigado, sem escapatória, numa altura e fase, em que procurava dar uma rumo definitivo à minha vida.Cortaram as pernas aos meus sonhos e à minha juventude. Que fiz de errado? Nada. Simplesmente a isso fui obrigado pela estupidez e prepotância do sistema vigente, que se baseava no conceito de que a guerra era sustentada pelo princípio político da defesa daquilo que era considerado território nacional e ainda no conceito de Nação pluricontinental e multirracial.
Hoje tal como eu, os protagonistas desse tempo estamos na casa dos 60/70 anos. Cumprimos o serviço Militar que nos impuseram, fizemos a guerra que nunca quisemos, morreram milhares, sepultados hoje em dia no silêncio e na vergonha.O nosso mal foi combater e morer, foi obedecer, foi dizer sim a uma data de poltrões que só sabiam
"sacudir a água do capote". O que fizeram por nós? Nada. O que demos nós? Tudo.
Resta-nos apenas recordar, mas nõe desapareceram as memórias nem as sequelas que perturbam com maior ou menor gravidade o que vivemos na guerra.Não somos coitadinhos apenas queremos justiça.
....... continua .......
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário