terça-feira, 29 de junho de 2010
SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO (continuação)
=========================================
.... Fiz o curso de sargentos Milicianos na Escola de Aplicação Militar em Nova Lisboa, e por ter sido o segundo classifiacado do curso foi-me permitido escolher
a unidade onde ficaria colocado até à partida para uma zona operacional. Escolhi o Regimento de Infantaria 21 em Nova Lisboa por duas razões: a 1ª porque estaria sempre mais perto de Benguela, e a segunda porque o Regimento tinha uma companhia
de caçadores destacada em Beguela e seria apenas uma questão de de mais ou menos tempo a minha colocação nessa companhia. Logo que fui promovido a furriel miliciano
fui para Benguela, onde permaneci um ano e pouco.Regressei depois a Nova Lisboa para integrar a Companhia de Caçadores 1206 que fora destacada para o Tari (Dembos) a cerca de 30 Kms de Nambuangongo.
O quartel da Companhia no Tari, dada a sua situação priveligiada, abrangia uma área bastante vasta, permitino um patrulhamento relativcamente fácil e seguro, e uma movimentação segura fora do arame farpado. Existiam 5 torres de vigia, estacas de protecção, abrigos escavados no interior com ninhos para metralhadoras, e apenas uma entrada.Tinhamos dois geradores para electricidade um depósito para água potável,enfermaria, secretaria,caserna para os soldados e habitações para oficiais e sãrgentos, uma especie de oficina auto e como não podia deixar de ser uma cantina.
Na região, como aliás, em toda a mata dos DEMBOS (sector D),a actividade de guerilha nunca se de fazer sentir com alguma intensidade, com ataques a povoados, colocação de engenhos explosivos, quer nas estradas, quer nas picadas, o que obviamente causava risco de vida e stress permanente.
Foi portanto neste cenário que me preparei para viver pelo menos dois anos.
(continua)
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.... Fiz o curso de sargentos Milicianos na Escola de Aplicação Militar em Nova Lisboa, e por ter sido o segundo classifiacado do curso foi-me permitido escolher
a unidade onde ficaria colocado até à partida para uma zona operacional. Escolhi o Regimento de Infantaria 21 em Nova Lisboa por duas razões: a 1ª porque estaria sempre mais perto de Benguela, e a segunda porque o Regimento tinha uma companhia
de caçadores destacada em Beguela e seria apenas uma questão de de mais ou menos tempo a minha colocação nessa companhia. Logo que fui promovido a furriel miliciano
fui para Benguela, onde permaneci um ano e pouco.Regressei depois a Nova Lisboa para integrar a Companhia de Caçadores 1206 que fora destacada para o Tari (Dembos) a cerca de 30 Kms de Nambuangongo.
O quartel da Companhia no Tari, dada a sua situação priveligiada, abrangia uma área bastante vasta, permitino um patrulhamento relativcamente fácil e seguro, e uma movimentação segura fora do arame farpado. Existiam 5 torres de vigia, estacas de protecção, abrigos escavados no interior com ninhos para metralhadoras, e apenas uma entrada.Tinhamos dois geradores para electricidade um depósito para água potável,enfermaria, secretaria,caserna para os soldados e habitações para oficiais e sãrgentos, uma especie de oficina auto e como não podia deixar de ser uma cantina.
Na região, como aliás, em toda a mata dos DEMBOS (sector D),a actividade de guerilha nunca se de fazer sentir com alguma intensidade, com ataques a povoados, colocação de engenhos explosivos, quer nas estradas, quer nas picadas, o que obviamente causava risco de vida e stress permanente.
Foi portanto neste cenário que me preparei para viver pelo menos dois anos.
(continua)
domingo, 27 de junho de 2010
quinta-feira, 24 de junho de 2010
continuação
EM BENGUELA
.... Fomos morar para uma moradia na rua estado da Ìndia, próxima da praia Morena e cinema Monumental.Era para aí que eu e o meu irmão íamos todas as manhãs para desfrutarmos do mar e da praia, coisa que não tinhamos em Sá da Bandeira. As tardes eram passadas em longas caminadas pela cidade com o intuito de a irmos conhecendo.Recordo que uma das primeiras coisas que me surprenedeu nesta cidade foi a enorme quantidade de "Solex" que existiam e quue uma grande maioria das pessoas usavam como transporte. Aos poucos fui descobrindo as belezas naturais daquela terra e do espirito bairrista das suas gentes.
Tal como disse anteriormente a minha vida de repente mudou radicalmente tão inesperada e surpreendente.E porquê? Exactamente porque a partir de uma dada altura
apaixonei-me perdidamente pela minha vizinha da frente a Anabela Westood.Na altura não sabia que estava noiva e casaria em breve. Foi uma história muito complicada repleta de coisas más e boas até que por fim se compuseram O que é facto e certo é que perdi por completo a vontade de continuar a estudar e só me interessava estar perto dela. Acabamos por casar ainda antes de ir cumprir o serviço militar.
O SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO ...
... Fui um dos milhares que para o serviço militar foi empurrado, e digo empurrado porque a isso fui obrigado, sem escapatória, numa altura e fase, em que procurava dar uma rumo definitivo à minha vida.Cortaram as pernas aos meus sonhos e à minha juventude. Que fiz de errado? Nada. Simplesmente a isso fui obrigado pela estupidez e prepotância do sistema vigente, que se baseava no conceito de que a guerra era sustentada pelo princípio político da defesa daquilo que era considerado território nacional e ainda no conceito de Nação pluricontinental e multirracial.
Hoje tal como eu, os protagonistas desse tempo estamos na casa dos 60/70 anos. Cumprimos o serviço Militar que nos impuseram, fizemos a guerra que nunca quisemos, morreram milhares, sepultados hoje em dia no silêncio e na vergonha.O nosso mal foi combater e morer, foi obedecer, foi dizer sim a uma data de poltrões que só sabiam
"sacudir a água do capote". O que fizeram por nós? Nada. O que demos nós? Tudo.
Resta-nos apenas recordar, mas nõe desapareceram as memórias nem as sequelas que perturbam com maior ou menor gravidade o que vivemos na guerra.Não somos coitadinhos apenas queremos justiça.
....... continua .......
EM BENGUELA
.... Fomos morar para uma moradia na rua estado da Ìndia, próxima da praia Morena e cinema Monumental.Era para aí que eu e o meu irmão íamos todas as manhãs para desfrutarmos do mar e da praia, coisa que não tinhamos em Sá da Bandeira. As tardes eram passadas em longas caminadas pela cidade com o intuito de a irmos conhecendo.Recordo que uma das primeiras coisas que me surprenedeu nesta cidade foi a enorme quantidade de "Solex" que existiam e quue uma grande maioria das pessoas usavam como transporte. Aos poucos fui descobrindo as belezas naturais daquela terra e do espirito bairrista das suas gentes.
Tal como disse anteriormente a minha vida de repente mudou radicalmente tão inesperada e surpreendente.E porquê? Exactamente porque a partir de uma dada altura
apaixonei-me perdidamente pela minha vizinha da frente a Anabela Westood.Na altura não sabia que estava noiva e casaria em breve. Foi uma história muito complicada repleta de coisas más e boas até que por fim se compuseram O que é facto e certo é que perdi por completo a vontade de continuar a estudar e só me interessava estar perto dela. Acabamos por casar ainda antes de ir cumprir o serviço militar.
O SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO ...
... Fui um dos milhares que para o serviço militar foi empurrado, e digo empurrado porque a isso fui obrigado, sem escapatória, numa altura e fase, em que procurava dar uma rumo definitivo à minha vida.Cortaram as pernas aos meus sonhos e à minha juventude. Que fiz de errado? Nada. Simplesmente a isso fui obrigado pela estupidez e prepotância do sistema vigente, que se baseava no conceito de que a guerra era sustentada pelo princípio político da defesa daquilo que era considerado território nacional e ainda no conceito de Nação pluricontinental e multirracial.
Hoje tal como eu, os protagonistas desse tempo estamos na casa dos 60/70 anos. Cumprimos o serviço Militar que nos impuseram, fizemos a guerra que nunca quisemos, morreram milhares, sepultados hoje em dia no silêncio e na vergonha.O nosso mal foi combater e morer, foi obedecer, foi dizer sim a uma data de poltrões que só sabiam
"sacudir a água do capote". O que fizeram por nós? Nada. O que demos nós? Tudo.
Resta-nos apenas recordar, mas nõe desapareceram as memórias nem as sequelas que perturbam com maior ou menor gravidade o que vivemos na guerra.Não somos coitadinhos apenas queremos justiça.
....... continua .......
terça-feira, 22 de junho de 2010
MEMÓRIAS
A MUDANÇA DE SÁ DA BANDEIRA PARA BEGUELA
..... Terminado o exame do 7º ano liceal (1962)quis o destino levar-me para outras paragens, para uma outra cidade,para onde o meu pai, por força da sua vida profissional, fora colocado.
Recordo que no dia em que partimos para Benguela, estava um dia chuvoso e frio.O tempo associou-se assim à minha dor, e á minha saudade. A viagem de autocarro numa
estrada de terra batida foi bastante demorada e cansativa,mas não esmoreceu o entusiasmo e a expectativa que sentíamos.Confesso qua partida de Sá da Bandeira, foi-me extremamente dolorosa e envolta numa amálgama de sentimentos difíceis de descrever. Para trás ficava a terra onde nascera e crescera, onde tinha despertado para a adolescência, onde começara a ser homem, mas a dor maior era a imensa saudade que ia sentindo dos amigos e do meu querido liceu. Mas à medida que os contrafortes da serra da Chela iam desaparecendo e os quilómetro eram "engolidos" pelo autocaro,foi crescendo um certo entusiasmo, ou melhor uma enorme expectativa por ir enfrentar um novo desafio de vivência, numa cidade que pouco conhecia, com gente que me era totalmente estranha, cujos hábitos e costumes desconhecia em absoluto.
Com apenas dezanove anos, talvez não estivesse totalmente preparado para ter e percepção do que implicaria uma mudança tão radical, mas recordo que na altura pensei que seria interessante,já que seria também uma experiência importante para a aquuisição de novos conhecimentos humanos e históricos. Tinha a consciência que não seria fácil de início, mas que no futuro talves se tornasse interessante, e que nada seria como dantes. Foi nesta mistura de sentimentos que cheguei a Benguela, mal percebendo que desse dia em diante a minha vida iria ter uma revirevolta tão inesperada, como surpreendente.Preparei-me para o novo desafio, embora soubesse que a minha permanência em Benguela não deveria ser prolongada, pois tencionava continuar os meus estudos em Portugal na Academia Militar. Dequalquer forma enquanto lá estivesse teria que necessáriamente estar receptivo a aceitar novos amigos e conhecimentos.
..... continua ......
..... Terminado o exame do 7º ano liceal (1962)quis o destino levar-me para outras paragens, para uma outra cidade,para onde o meu pai, por força da sua vida profissional, fora colocado.
Recordo que no dia em que partimos para Benguela, estava um dia chuvoso e frio.O tempo associou-se assim à minha dor, e á minha saudade. A viagem de autocarro numa
estrada de terra batida foi bastante demorada e cansativa,mas não esmoreceu o entusiasmo e a expectativa que sentíamos.Confesso qua partida de Sá da Bandeira, foi-me extremamente dolorosa e envolta numa amálgama de sentimentos difíceis de descrever. Para trás ficava a terra onde nascera e crescera, onde tinha despertado para a adolescência, onde começara a ser homem, mas a dor maior era a imensa saudade que ia sentindo dos amigos e do meu querido liceu. Mas à medida que os contrafortes da serra da Chela iam desaparecendo e os quilómetro eram "engolidos" pelo autocaro,foi crescendo um certo entusiasmo, ou melhor uma enorme expectativa por ir enfrentar um novo desafio de vivência, numa cidade que pouco conhecia, com gente que me era totalmente estranha, cujos hábitos e costumes desconhecia em absoluto.
Com apenas dezanove anos, talvez não estivesse totalmente preparado para ter e percepção do que implicaria uma mudança tão radical, mas recordo que na altura pensei que seria interessante,já que seria também uma experiência importante para a aquuisição de novos conhecimentos humanos e históricos. Tinha a consciência que não seria fácil de início, mas que no futuro talves se tornasse interessante, e que nada seria como dantes. Foi nesta mistura de sentimentos que cheguei a Benguela, mal percebendo que desse dia em diante a minha vida iria ter uma revirevolta tão inesperada, como surpreendente.Preparei-me para o novo desafio, embora soubesse que a minha permanência em Benguela não deveria ser prolongada, pois tencionava continuar os meus estudos em Portugal na Academia Militar. Dequalquer forma enquanto lá estivesse teria que necessáriamente estar receptivo a aceitar novos amigos e conhecimentos.
..... continua ......
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